Covid-19: Músicos que animam bailes de verão já pensam em alternativas fora do setor

Covid-19: Músicos que animam bailes de verão já pensam em alternativas fora do setor

18/05/2020 0 Por Carlos Joaquim
Teclistas, tocadores de concertina e bandas que animam os bailes e romarias de verão viram o seu principal rendimento desaparecer. Sem perspetivas de qualquer rendimento, há quem já pense em mudar de profissão.
Não são os grandes nomes que normalmente compõem os cartazes das grandes festas, mas são parte fundamental de uma máquina que ajuda a dar forma aos bailes e romarias que se realizam um pouco por todo o país durante o verão.
Para todos os artistas contactados pela agência Lusa, o verão é a altura do ano de maior faturação, sendo que a perspetiva agora é de rendimento quase zero até ao final do ano.
“Eu trabalho todo o ano, mas no inverno é só para manter e aparecer”, explicou à agência Lusa Graciano Ricardo, músico de 44 anos de Pombal, que há dez vive exclusivamente da música e que normalmente dá cerca de 80 concertos na zona Centro entre maio e setembro.
O último concerto que Graciano deu foi em Paris, em 14 de março, sendo que o segundo que ia dar na capital francesa, no dia seguinte, já não se realizou devido à pandemia da covid-19.
Mesmo a receber o apoio da Segurança Social para recibos verdes, Graciano Ricardo já começa a pensar em procurar trabalho noutra área.
“A partir de junho, tenho que pensar em trabalhar numa outra área, como a pintura na construção civil, onde cheguei a trabalhar quando era mais novo. É incomportável ficar em casa à espera que isto passe”, vincou.
Marco Gomes, jovem acordeonista do Algarve, que vive exclusivamente da música há cerca de quatro anos, diz que desde meados de março que só recebe chamadas para cancelar presenças em bailes de verão.
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“Eu meti na minha cabeça que vou esperar mais um mês ou dois. Se continuar assim, atiro-me para outro trabalho para aguentar isto, porque estar parado não dá com nada”, salientou Marco Gomes.
Já o veterano Leonel Nunes, músico da Guarda com mais de 40 anos de carreira, diz que ainda tem meia dúzia de concertos que não foram cancelados, apesar de saber que não se vão realizar.
“Graças a Deus, tinha um verão preenchido”, comentou.
“Agora, tem que se apertar mais o cinto e esperar que para o ano esteja melhor”, disse Leonel Nunes, esperando que, a partir do final de setembro, já possa fazer alguns concertos.
Para Tiago Silva, tocador de concertina da Pampilhosa da Serra, o rombo não foi tão grande, porque tem um ‘part-time’ na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), onde dá aulas de música.