Mundo | 14 de julho de 1789 / 14 de julho de 2019 — 230 anos da Revolução Francesa

12/07/2019 0 Por Carlos Joaquim
litoralcentro
Não conheceu a doçura de viver, quem não viveu antes de 1789 — portanto, antes da Revolução Francesa. A afirmação é do célebre diplomata francês Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838). A douceur de vivre (doçura de viver) à qual Talleyrand se refere, e que procurou descrever nas suas Memórias, não era apenas a felicidade terrena de que a população francesa desfrutava no Ancien Régime, mas também uma alegria de viver e bênção espiritual, remanescentes da Cristandade medieval, sacral e hierárquica, toda voltada para Deus e para tudo o que havia de mais elevado.
         A Revolução Francesa destruiu essa alegria de viver que impregnava todas as classes sociais. Ela, desde o início, espalhou promessas de Liberté, Egalité, Fraternité (liberdade anárquica, igualitarismo injusto, fraternidade hipócrita). Enquanto isso guilhotinava cabeças, sobretudo da nobreza e aristocracia, massacrava o clero e o povo que regiam contra a Revolução (como ocorreu na região da Vendeia), atacava virulentamente a Igreja Católica, e assim conturbou completamente a ordem social, sem conceder nunca as benesses que prometia. E como seria possível consegui-lo, sem respeitar as desigualdades sacrais estabelecidas por Deus na sociedade, sem as bênçãos que só se obtêm pela fidelidade à Fé católica?