Caminhos de Ferro de Moçambique agravam tarifa dos comboios de passageiros até 40 por cento
A única Empresa Pública que produz lucros significativos, e funciona como saco azul do Governo e do partido Frelimo, decidiu agravar os preços das passagens dos comboios de passageiros, entre 14 e 40 por cento, a partir do próximo dia 1 de Dezembro. A justificação é que as tarifas só cobrem 20 por cento dos custos, mas não impediu aos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) obterem lucros de mais de 3 biliões de meticais em 2017. Paradoxalmente o custo anual do serviço de transporte de passageiros é muito inferior a indeminização que os CFM pagaram pelo metro do ex-ministro Zucula que nunca andou.
A Direcção Executiva dos CFM-Sul decidiu introduzir, com efeitos a partir do próximo dia 1 de Dezembro, “novas tarifas de transporte de passageiros urbano e interurbanos, após cerca de 13 anos com a mesma tarifa”.
O maior aumento vão ter os utentes dos comboios entre Maputo e Matola Gare cuja tarifa de 5 meticais aumenta em 40 por cento para 7 meticais.
Contudo o maior agravamento nominal é para os passageiros do comboios entre Maputo e Chicualacuala que dos actuais 182 passarão a pagar 208 meticais por viagem.
As ligações Maputo – Ressano Garcia, Maputo – Goba e Maputo – Manhiça, que actualmente custa 15 meticais vão passar a custar 20 meticais.
Já a passagem no comboio entre a capital moçambicana e o município de Chókwè será agravada de 70 para 80 meticais.
Interpelada pelo @Verdade a Direcção Executiva dos CFM-Sul esclareceu que o aumento das tarifas do transporte de passageiros nos comboios urbanos e interurbanos devem-se ao “desajustamento das mesmas tendo em conta que estas vigoram há 13 anos (desde de Julho de 2005)”.
“De salientar que as novas tarifas ainda continuam muito aquém dos custos operacionais. Como exemplo, para o perímetro periurbano (Maputo/Tenga; Maputo/Albasine e Maputo/Estevel), o preço médio por passageiro/Km está a 0,25mts e o custo situa-se em 1,01mts por passageiro/Km”, explicou.
Adicionalmente os Caminhos de Ferro de Moçambique explicaram que caso o não efectue este aumento, o impacto orçamental continuaria deficitário em mais de 80 por cento pois os custos correntes sempre a sofrerem agravamento anualmente, “nomeadamente: combustíveis, peças sobressalentes para manutenções das carruagens, locomotivas e infraestruturas ferroviárias (como efeito directo da flutuação cambial), de entre outros custos”.
CFM são a única Empresa Pública que tem lucros e tem sido o “saco azul” do Governo
O @Verdade apurou que no ano passado os CFM Sul transportaram 6.202.923 passageiros, um crescimento de 20 por cento comparado com o período homologo do ano anterior numa clara evidência da importância que este meio de transporte tem na vida de cada vez mais cidadãos que morando fora da capital precisam de todos os dias deslocarem-se a Maputo para ganharem o seu sustento.
Ademais o @Verdade descortinou que apesar da operação deficitária do transporte de passageiros, gerou 55,4 milhões de meticais para custos de mais de 277 milhões de meticais, no exercício económico de 2017 os CFM obtiveram um lucro histórico de 3,01 biliões de meticais, quatro vezes mais do os resultados líquidos de 2016 que cifraram em 724,35 milhões de meticais.
Os Caminhos de Ferro de Moçambique são a única, dentre as 13 Empresas Públicas, que tem gerado lucros, mesmo em tempos de crise, e por isso tem sido o “saco azul” do Governo.
A título ilustrativo em 2015 os CFM pagaram 6,5 milhões de dólares norte-americanos a empresa italiana SALCEF Costruzioni Edili e Ferroviarie pela quebra do contrato firmado com o Executivo de Armando Guebuza para a construção de um sistema de Metro que nunca saiu do papel.
Ironicamente o montante desta indemnização, revelado pelo @Verdade em 2017, supera os custos anuais do transporte de passageiros urbano e interurbanos que totalizam pouco mais de 4,6 milhões de dólares.
O @Verdade sabe ainda que constam das folhas de pagamentos dos Caminhos de Ferro de Moçambique, há décadas, ilustres membros do partido Frelimo que nunca foram trabalhadores da empresa.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique