Silves | ENCERRAMENTO DA FÁBRICA DA CORTICEIRA AMORIM
É com tristeza e desolação que o Município de Silves tomou conhecimento, no passado dia 07 de maio de 2025, que a Fábrica da Corticeira Amorim, sita em Vale de Lama, Silves, irá encerrar a sua atividade industrial de produção de aglomerados de isolamento de cortiça, durante o próximo mês de junho.
Na origem da decisão de encerramento foram invocados problemas de mercado, o custo das matérias-primas e sua inflação e o contexto tributário a nível internacional.
Com efeito, o contínuo declínio da procura dos aglomerados de isolamento de cortiça, por serem mais onerosos do que outros produtos alternativos existentes no mercado, sem haver indícios de inversão desta tendência nos próximos anos, conjugado com o aumento dos custos da matéria-prima, proveniente dos montados de sobro do Alto Alentejo, e aliado à instabilidade internacional no que respeita à tributação de exportações de produtos nacionais, fez prevalecer a decisão de encerramento baseada, única e exclusivamente, num critério de racionalidade económica e de mercado.
Confrontada com esta realidade, a autarquia indagou imediatamente acerca do futuro dos trabalhadores e da salvaguarda dos seus direitos laborais, tendo os representantes da Corticeira Amorim assumido o compromisso de aceitar a transferência de trabalhadores para a unidade fabril de Vendas Novas, caso algum trabalhador assim o deseje, e, nos casos de cessação laboral, atribuir compensações monetárias em dobro do valor previsto na lei a título indemnizatório.
Ficou ainda garantido que as casas de função manter-se-ão disponibilizadas aos trabalhadores e seus familiares que lá residam, até que sejam encontradas outras e melhores soluções que satisfaçam todas as partes interessadas.
Apesar de tudo, o Município de Silves manifesta-se inquieto com os 31 trabalhadores da Fábrica da Corticeira Amorim de Silves e totalmente disponível para, no âmbito das suas competências legais, prestar-lhes todo o apoio possível na busca das melhores soluções para o seu futuro.
Importa ainda esclarecer que, desde finais de 2021, a autarquia desenvolveu importantes esforços para evitar que este encerramento alguma vez viesse a ocorrer, tendo liderado e mediado, pelo menos, 16 reuniões de um longo processo participativo e construtivo, que integrou os representantes da Corticeira Amorim, da CCDR-Algarve e demais interessados diretos, com a finalidade de compatibilizar a continuidade do funcionamento desta unidade fabril, com o cumprimento de exigências legais em matéria de ruído e a adoção de medidas de mitigação de poluição atmosférica.
Todo este longo trabalho fez com que a unidade fabril de Silves tenha sido aquela que mais atenção e investimento tenha merecido do Grupo Amorim, nos últimos quatro anos, no que diz respeito à melhoria das condições de laboração dos seus trabalhadores, ao cumprimento de exigências legais aplicáveis ao funcionamento da fábrica e à adoção de recomendações ambientais, criando um contexto positivo que, infelizmente, acabou por não resistir à quebra abrupta de novas encomendas, com a consequente redução dos níveis de faturação da fábrica.
Face ao exposto, o Município de Silves não pode deixar de endereçar uma mensagem de confiança e de esperança no amanhã, considerando de extrema importância frisar que a forte ligação da cidade de Silves à indústria transformadora da cortiça está longe de terminar.