“25 anos da Festa Ibérica da Olaria e do Barro” em exposição na Fundação Inatel, em Évora
As câmaras municipais de Reguengos de Monsaraz e de Salvatierra de los Barros vão promover entre 1 e 22 de fevereiro a exposição “25 anos da Festa ibérica da Olaria e do Barro”. Esta mostra vai ser inaugurada amanhã, às 18h, na Fundação Inatel, em Évora, e pode ser visitada de segunda a sexta-feira entre as 9h e as 12h30 e das 14h às 17h30.
A Festa ibérica da Olaria e do Barro une há 25 anos os dois maiores centros oleiros da Península Ibérica, nomeadamente o de S. Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, e o Salvatierra de los Barros, na província de Badajoz (Espanha), realizando-se em anos alternados em cada localidade. A edição comemorativa desta data vai decorrer de 23 a 26 de maio em S. Pedro do Corval e o programa integra um encontro de oleiros e ceramistas, exposições, oleiros e ceramistas a trabalharem ao vivo, um festival de música ibérica, o circuito das olarias e as jornadas ibéricas de olaria e cerâmica.
O espaço da exposição vai ter painéis sobre os 25 anos da Festa Ibérica da Olaria e do Barro, com a história de S. Pedro do Corval e da Casa do Barro, assim como de Salvatierra de los Barros e do Museu de Alfareria. Vão estar também expostos os cartazes das edições do evento, haverá uma mostra de peças dos dois centros oleiros e uma área onde são exibidos vídeos promocionais dos trabalhos dos oleiros das duas localidades.
Sobre o Centro Oleiro de S. Pedro do Corval
O Centro Oleiro de S. Pedro do Corval é considerado o maior de Portugal com 22 olarias em atividade que continuam a pintar os motivos típicos do Alentejo, como por exemplo o pastor, a apanha da azeitona e a vindima. No concelho de Reguengos de Monsaraz foram encontrados vestígios de olaria desde os tempos pré-históricos, nomeadamente de peças feitas à mão, descobertas, por exemplo, em antas da região.
Em 1276, D. Afonso III, no foral Afonsino de Monsaraz, reconhece privilégios aos oleiros do seu termo que poderiam assim ter livremente fornos de olaria. No foral Manuelino, de 1512, também há referência à olaria do concelho, e já em 1905 S. Pedro do Corval teria cerca de 30 oficinas em funcionamento, havendo a distinção entre as de louça miúda, as de talha para o vinho (seriam quatro) e as de tarefas para a aguardente (seis), o que demonstra também a importância da localidade na produção vinícola.
A olaria de S. Pedro do Corval é uma marca registada pois o Município de Reguengos de Monsaraz registou em 2008 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial as marcas nacionais “Olaria de São Pedro do Corval”, “Rota da Olaria”, “Rota dos Oleiros” e “Olaria”.
Em 2015 foi inaugurada a Casa do Barro, um centro interpretativo que visa preservar, promover e assegurar a sustentabilidade da olaria de São Pedro do Corval, proporcionando a todos os visitantes o conhecimento e a aprendizagem sobre a arte oleira e o barro através de oficinas, palestras e outras atividades. A Casa do Barro resulta da reabilitação de uma antiga olaria, envolta em história e tradição, com dois fornos a lenha que serviam para cozer a louça, um tino onde se coava o barro e rodas de oleiro com as suas imponentes arquinas. A recuperação deste local permitiu recriar o ciclo do barro, desde a terra ao produto final.
O centro interpretativo tem à disposição do público o Espaço Atividade, onde se realizam iniciativas com oleiros e ceramistas e os visitantes podem aprender a manusear o barro e a produzir uma peça numa roda de oleiro. A Área Expositiva tem informação sobre todas as olarias em atividade e no Espaço Memória os visitantes encontram objetos e documentos sobre a história do centro oleiro, incluindo peças de barro antigas, dois fornos tradicionais a lenha, um tino, um tanque e rodas de oleiro. No Espaço Mostra, ao ar livre, podem ser apreciadas as peças produzidas pelas olarias atualmente em atividade.
Sobre o Centro Oleiro de Salvatierra de los Barros
Salvatierra de Los Barros situa-se na serra de Jerez de Los Caballeros e nas proximidades da localidade existem argilas com propriedades que a tornam ímpar para a olaria, tendo levado ao desenvolvimento de uma prestigiada e apreciada atividade artesanal que se iniciou no século XVI, como foi comprovado pelas peças encontradas nas abóbadas da paróquia de San Blas e da Ermida dos Mártires. É esta atividade que faz com que Salvatierra de los Barros seja conhecida a nível nacional e internacional, destacando-se os cobiçados botijos e jarros mouriscos que se tornaram nos seus símbolos.
O Museu de Alfareria pretende explicar o passado da olaria, que evoluiu de forma significativa nas últimas décadas, mostrar o seu presente e apresentar as linhas de atuação futura. O museu mostra as referências mais significativas da tradição oleira, as suas relações com Portugal e a difusão e distribuição da sua produção pela Extremadura, Espanha, Europa e América.
Este espaço apresenta também o processo de produção artesanal, desde a extração do barro até à cosedura da peça, passando pela construção e o acabamento. No museu podem ainda ser vistas peças antigas, mostrando-se a variedade de formas e usos relacionados com a vida quotidiana, como jarros para água, lápides funerárias, recipientes para a cozinha, para a adega, para o curral e para os jogos infantis, mas também as novas tendências, em que a criatividade dos oleiros acompanha a evolução das peças aos gostos atuais.