“Veneno” no Centro de Arte de Ovar
Da autoria de Cláudia Lucas Chéu e com direção e interpretação de Albano Jerónimo, a mais recente coprodução do Centro de Arte de Ovar – Veneno – sobe ao palco esta sexta-feira, dia 23 de novembro, pelas 22 horas. Uma peça que aborda fundamentalmente as consequências da falência social e a extinção da entidade família.
Antes do espetáculo, nos dias 21 e 22 de novembro, Albano Jerónimo lecionará uma masterclass de interpretação sobre o tema “A Construção da Melancolia”, e Cláudia Lucas Chéu lecionará uma oficina de Escrita, estando ambas já esgotadas.
Após o espetáculo, o público é convidade a conversar com o encenador e atores, no bar do Centro de Arte.
Veneno foi escrito a partir de narrativas factuais verídicas, recolhidas num universo cosmopolita contemporâneo. 51% da população mundial encontra-se, neste momento, a viver em espaços urbanos – por razões económicas, melhoria das condições de vida, oferta de trabalho, entre outras.
Veneno é, também, um texto centrado na ideia da decadência da família no contexto suburbano. Se a família é o paradigma ancestral daquilo que deve ser um governo, ambos manifestam, atualmente, a ideia de crise. Crise esta que, na génese etimológica, significa separar, dividir.
A narrativa foca-se nas circunstâncias, e consequências trágicas, de um pai recentemente desempregado e falido que decide sequestrar os três filhos – depois de assassinar a mulher e o seu amante. O pai e os filhos convivem, então, num espaço exíguo e em condições precárias. Todo o discurso do pai é construído em torno da incapacidade de aceitação do real, tornando o seu discurso num delírio verosímil sobre a sociedade, a família, a política, e também sobre o amor; a falência do mundo interior e exterior.
O pai exerce poder e violência através da linguagem vernacular e os filhos (3 crianças) expressam-se por intermédio do canto lírico. Acontecem, assim, dois universos diferentes e incomunicáveis: o do subúrbio e o da aristocracia. Reúne características simultaneamente horríficas, cómicas e abjetas, mostrando o homem na sua expressão mais grotesca – entre o horror e o humor.