Governo recusa artificializar caudais dos rios para travar cheias no Mondego

Governo recusa artificializar caudais dos rios para travar cheias no Mondego

28/12/2019 0 Por Carlos Joaquim
O ministro do Ambiente disse hoje que não se pode “artificializar” o leito dos rios para travar cheias, estando em curso uma intervenção no rio Ceira, solução diferente da barragem proposta pela Ordem dos Engenheiros para o rio Mondego.
“A água não é só da espécie humana. A água é de todos os ecossistemas e de todas as espécies que neles vivem. E por isso, não podemos imaginar que vamos artificializar, para sempre, o leito dos rios e o seu curso”, defendeu, hoje, João Matos Fernandes, em resposta à Ordem dos Engenheiros do centro, que defende a construção da barragem de Girabolhos, a montante da Aguieira, para “travar a repetição das cheias no Mondego”.
“Regularização do caudal rio Ceira, um afluente do Mondego, em Coimbra, é a nossa aposta. Trata-se de um rio que corre livremente e que, com o apoio de fundos europeus, estamos a começar a regularizar, utilizando apenas métodos de engenharia natural. Trata-se do oposto daquilo que é fazer uma barragem e termos um rio com capacidade de diminuir afluência de caudais ao próprio rio Mondego”, explicou o governante.
João Matos Fernandes descarta, assim, a artificialização dos rios “já que há uma aposta contra as alterações climáticas”.
“É mesmo esta que deve ser a nossa ação, e não adaptar o rio ao nosso gosto e sermos, nós, espécie humana, a adaptarmo-nos e aos nossos hábitos a aquilo que os recursos têm para no dar”, concretizou o ministro do Ambiente.
João Matos Fernandes falava hoje em Torre de Moncorvo, à margem da inauguração do parque ambiental Aires Ferreira, que custou cerca de 600 mil euros e foi financiado por verbas provenientes do Fundo Baixo Sabor.
O presidente da secção regional do Centro da Ordem dos Engenheiros havia defendido que sem a construção da barragem de Girabolhos, a montante da Aguieira, cancelada em 2016, “será muito difícil” travar a repetição de cheias no Mondego.