Educação sexual nas escolas? — Grave erro!
♦ Paulo Roberto Campos
Na entrevista coletiva que concedeu no dia 28 de janeiro aos jornalistas a bordo do avião que o levava de volta a Roma [foto] após a “Jornada Mundial da Juventude” do Panamá, o Papa Francisco afirmou, entre outras coisas que causaram estupefação, ser favorável à educação sexual nas escolas.
Eis suas palavras, respondendo ao jornalista Edwin Cabrera Uribe, que lhe perguntara sua opinião sobre o assunto:
“Penso que, nas escolas, é preciso dar educação sexual […]. É preciso oferecer uma educação sexual objetiva: assim como é, sem colonizações ideológicas. Porque se, nas escolas, se dá uma educação sexual imbuída de colonizações ideológicas, destrói-se a pessoa […]. O problema está nos responsáveis pela educação, a nível nacional, regional, em cada unidade escolar: que professores escolhem para isso? Que manuais? Já os vi de todas as cores. Há coisas que fazem amadurecer e outras que causam dano […]. Digo que é preciso haver educação sexual para as crianças. O ideal é que se comece em casa, com os pais. Nem sempre é possível, devido a muitas situações familiares, ou porque não sabem como a fazer. A escola supre isto e deve fazê-lo; caso contrário, fica um vazio que acaba preenchido por qualquer ideologia”.
Tal resposta não poderia evidentemente deixar de causar grande perplexidade em numerosas famílias católicas que lutam para preservar a inocência de suas crianças. Elas conhecem as péssimas condições de imoralidade nas quais os “responsáveis pela educação” sexual nas escolas — mistas em sua imensa maioria — ministrariam suas aulas. Nestas, como já se tem visto, em nome de educação sexual, professores ensinam as coisas mais indecentes, inclusive pornografia, erotizando os pequenos.
Esse danoso ensinamento, ministrado fora do lar e por vezes com distribuição de manuais obscenos com imagens libidinosas, leva com frequência as crianças à iniciação sexual precoce e até mesmo, em certos casos, à prostituição infantil e à gravidez de meninas que sequer chegaram à adolescência. Segundo um relatório de 2018 da OMS (Organização Mundial da Saúde), no Brasil a taxa de gravidez indesejável na adolescência supera a média mundial!
Assim sendo, pais e mães de família perguntam: qual é verdadeiramente a posição da Igreja Católica a respeito de tal tipo de educação sexual, que sempre fora reservada aos pais e não às escolas?
Para responder a essa questão, nada melhor do que recorremos ao ensinamento tradicional do Magistério Pontifício. Assim, eis a resposta do Papa Pio XI (1857-1939) [foto] na Encíclica Divini Illius Magistri:
“Mormente perigoso é, portanto, aquele naturalismo que, em nossos tempos, invade o campo da educação em matéria delicadíssima como é a honestidade dos costumes. Assaz difuso é o erro dos que, com pretensões perigosas e más palavras, promovem a pretendida educação sexual, julgando erradamente poderem precaver os jovens contra os perigos da sensualidade, com meios puramente naturais, tais como uma temerária iniciação e instrução preventiva, indistintamente para todos, e até publicamente, e pior ainda, expondo-os por algum tempo às ocasiões para acostumá-los, como dizem, e quase lhes fortalecer o espírito contra aqueles perigos.
“Estes erram gravemente, não querendo reconhecer a natural fragilidade humana e a lei de que fala o Apóstolo: contrária à lei do espírito (Rom 7, 23), e desprezando até a própria experiência dos fatos, da qual consta que, nomeadamente nos jovens, as culpas contra os bons costumes são efeito, não tanto da ignorância intelectual, quanto e principalmente da fraqueza da vontade, exposta às ocasiões e não sustentada pelos meios da Graça.
“Se, consideradas todas as circunstâncias, alguma instrução individual acerca deste delicadíssimo assunto se torna necessária, quem recebeu de Deus a missão educadora e a graça própria desse estado deve, em tempo oportuno, tomar todas as precauções da educação cristã tradicional e suficientemente descritas pelo já citado Antoniano*, quando diz: ‘Tal e tão grande é a nossa miséria e a inclinação para o mal, que muitas vezes até as coisas que se dizem para remédio dos pecados são ocasião e incitamento para o mesmo pecado. Por isso importa sumamente que um bom pai, quando discorre com o filho em matéria tão lúbrica, esteja bem atento, e não desça a particularidades e aos vários modos pelos quais esta hidra infernal envenena uma tão grande parte do mundo; não seja o caso que, em vez de extinguir este fogo, o sopre ou acenda imprudentemente no coração simples e tenro da criança. Geralmente falando, enquanto perdura a infância, bastará usar daqueles remédios que, juntamente com o próprio efeito, inoculam a virtude da castidade e fecham a entrada ao vício’”. (Silvio Antoniano, Dell’educazione cristiana dei figliuoli, lib. II, c. 88).
ABIM