O português que dá 15 mil milhões pelo malparado (& a entrevista a Vítor Bento)

25/01/2017 0 Por Carlos Joaquim
P
 
 

Enquanto Dormia

 
David Dinis, Director do Público
Bom dia!
Trump deixou-nos um aviso, via Twitter: vai anunciar hoje os seus planos para construir um muro para separar (mais) EUA e México. Acrescentando o The New York Times que também virão já as restrições adicionais à imigração – se ler este texto perceberá melhor porquê a rapidez. 
A culpa foi do piloto? O avião que caiu com juiz da Lava-Jato não tinha anomalias mecânicas, segundo a leitura preliminar da caixa negra. Diz esse registo que houve uma “desorientação do piloto” – mesmo não assinalando pânico, pedido de socorro ou alarme por parte da tripulação antes da queda.
Do Cazaquistão saiu um acordo trilateral para proteger o frágil cessar-fogo na Síria. As assinaturas comprometem o Irão, Rússia e Turquia com a garantia de que as armas não se levantam.
A Grécia acusou Portugal de discriminação. O Governo de António Costa queria acolher 30 refugiados yazidi, mas o Governo de Tsipras diz que escolher a origem de quem se recebe é discriminatório, explica a Associated Press.
O Benfica quer mais Rui Vitória. O treinador campeão deve ficar mais uns aninhos no clube da Luz – mas só na próxima semana confirmaremos se com um aumento de 50%, como diz o DN hoje. Pelo caminho, Gonçalo Guedes já voou da Luz para Paris (a fotografia com o cachecol novo é como o algodão, não mente).

As notícias do dia

Um cheque de 15.000 milhões para limpar malparado da banca. Leu bem: o Governo e o Banco de Portugal receberam uma proposta de 15 mil milhões de euros para aquisição de activos problemáticos contabilizados pelo sistema bancário português. Uma solução que pode facilitar a venda do Novo Banco (que ficaria livre de constrangimentos) e valorizar os bancos com problemas de malparado, como o BCP e o Montepio, e, até, possibilitar ao Estado recuperar parte do que vai investir na CGD. A proposta vem de António Esteves, ex-partner da Goldman Sachs, que representa um consórcio que quer fazer negócio com crédito de risco dos bancos. A notícia está na nossa manchete e é da Cristina Ferreira, que conta como, aparentemente, tudo bate certo com as exigência do Governo e do Presidente.
A nossa entrevista do dia é a Vítor Bento. O economista está muito preocupado com a falta de investimento, com a instabilidade, com a dívida e os juros – e admite que estaríamos na mesma situação de 2011, não fosse a ajuda do BCE. O homem que foi o último presidente-executivo do BES critica também a direita, pelo “tratamento imprudente” do sector financeiro durante os anos da troika. E ainda faz uma nota política: “Para o PS, este era o momento ideal para ter eleições”
Costa, a propósito, pediu ontem um tratamento especial para quem, como Portugal, esteve sob intervenção externa. O Sérgio Aníbal conta a ideia que o primeiro-ministro levará à Europa.
Hoje é o dia da morte da redução da TSU. E o Governo já tem certa a proposta alternativa: uma redução mais rápida do chamado PEC (sim, aqui explicamos o que é o PEC). Ontem, Marcelo fez um aviso (“Espero que os partidos não criem situações de impasse ou de fraqueza”), provavelmente já a pensar no próximo problema da lista de impasses parlamentares, o caso da Uber e das PPP na Saúde.
A boa notícia para Marcelo veio da direita: o PSD ofereceu ao Governo um consenso sobre descentralização e também na redução das taxas de justiça, de acordo com o que diz o DN (mais tarde veremos se as conversas chegam a bom porto). A má notícia veio da CGD, que recusa entregar documentos à AR depois de tribunal a obrigar. Mas também veio da Transparência Internacional: diz a organização que Portugal estagnou no combate à corrupção.
Falando de crimes públicos: o Ministério Público acusou seis ex-autarcas de terem recebido meio milhão de despesas indevidas. Está no JN
Outra notícia do PÚBLICO: Portugal usa uma arma inédita contra o nuclear em Espanhaexplica a Lurdes Ferreira. E, já agora, sabia que o nuclear espanhol abasteceu 3,23% do nosso consumo eléctrico?
Há dois temas ‘fracturantes’ a entrar na agendaa eutanásia, que começa hoje a ser discutida na Assembleia – com uma novidade que procura tranquilizar os que têm dúvidas; e a identidade de géneroonde o Governo deu já pistas sobre o caminho que quer seguir.

Opinião, da boa (e plural)

Ora veja lá se não é: o Manuel Carvalho anuncia uma segunda vaga de puxões de orelhas (ao Governo de Costa). O Editorial, que eu assino, reconhece a solidez desta maioria (veja lá onde isto já vai). Francisco Louçã, insuspeito de liberalismos, faz o balancete de deve e haver na TSU (explicando que até os patrões ganharam com este chumbo). Santana Castilho, reconhecido especialista, aponta o dedo a ziguezagues vergonhosos no Ministério da EducaçãoRui Tavares antevê, imagine, boas notícias da Alemanha. Enquanto, mais à direita, Guy Verhofstadt e Manfred Weber pedem uma solução pró-europeia no Parlamento Europeu. Ainda falta dizer que o Miguel Esteves Cardoso ouviu Madonna a falar (e adorou aquela hora e meia de polémicas). E que Arons de Carvalho escreve sobre a independência da regulação da comunicação social
Isto tudo para lhe dizer que há coisas boas e importantes para ler e nos pôr a pensar. E que concordo muito com o Pacheco Pereira: nada é mais fundamental que o pluralismo nos média. No que respeita ao PÚBLICO, como vê, pode ficar descansado.
Hoje acontece
  • O debate que deve chumbar a redução da TSU é às 15h00, no Parlamento.
  • Regressa o processo “Face Oculta”, com o julgamento dos recursos. Para perceber como está o caso, a Mariana Oliveira fez-lhe um texto, explicando as mil e uma falhas que as defesas encontram no processo. Mas anote a manchete do Correio da Manhã: Armando Vara arrisca uma prisão efectiva de 5 anos.
  • O Santander-Portugal mostra os resultados de 2016.
  • Noite fora, começam as meias-finais da Taça da Liga. Hoje é o Setúbal-Braga (para amanhã fica o Benfica).

Só mais um minuto, porque…

Um gesto assim não se vê todos os dias. Um clube decidiu ajudar financeiramente o seu adversário deste fim-de-semana, oferecendo-lhe parte da receita da bilheteira. A história, que prova como o futebol ainda consegue surpreender pela positiva, está contada aqui pelo Jorge Miguel Matias.
Um prémio destes não aparece todos os anosLa La Land não era favorito por acaso: teve um recorde de nomeações. As imagens dos principais filmes nomeados são uma tentação, a descrição do Jorge Mourinha ajuda-nos a escolher (ele que já fez a crítica ao super-favorito). Em alguns casos, os candidatos estão a chegar às nossas salas.
Uma conversa assim só aparece uma vez na vida. Ontem, em Lisboa, um grupo de crianças esteve a falar com um astronauta que está lá em cima na Estação Espacial Internacional. A chamada teve que ser curta, mas deu para fazer várias perguntas curiosas. E Pasquet começou com uma frase, que é como me despeço hoje de si: “É um prazer estar aqui com vocês”.
Ponha aquele bonito sorriso, tenha um dia produtivo. Até já!