Diogo Piçarra: «Não tento fazer música só para mim, mas para todas as pessoas.»

23/08/2017 0 Por Carlos Joaquim
É um dos artistas mais admirados em Portugal. Diogo Piçarra lançou, este ano, o seu novo disco. Do=s é o nome do segundo álbum do cantor, que deixa uma noção de fio condutor entre todas as músicas. O cantor, que viu o ano de 2016 ser totalmente preenchido por concertos, prepara-se agora para atuar nos Coliseus.
No passado dia 15, o Diogo levou a do=s tour a Ribeira de Frades, em Coimbra. Minutos antes do concerto, esteve à conversa conosco acerca do sucesso que tem sido este novo álbum, e do seu desejo de atuar nos Coliseus que está prestes a realizar-se.
Diogo, antes de mais, começo por te perguntar: já te sentes nervoso para os Coliseus?
Diogo: Estou sempre (risos). Seja em qualquer concerto onde eu vá, acho que estou sempre nervoso. Não é bem nervosismo, é mais ansiedade e a vontade de subir ao palco rapidamente. E quando o concerto começa a atrasar, eu começo a ficar ainda mais ansioso. Não é bem nervos, porque isso é um bocadinho mais de insegurança. É mais ansiedade, porque os concertos estão bem ensaiados, estão sempre bem preparados e eu também costumo aquecer muito antes dos concertos e, realmente, é mais a vontade de subir ao palco do que outra coisa. E os Coliseus é um sonho realizado, finalmente. Depois de dois anos de muitos concertos, o Coliseu era o próximo passo.
Lançaste o teu segundo álbum, o Do=s, este ano. E este álbum é particularmente interessante porque tem uma espécie de fio condutor entre todas as melodias…
Diogo: Exatamente! Eu não fiz nada de propósito, acho que foi uma coisa muito natural… Ao longo da tour do outro disco, eu fui escrevendo músicas e reparei que havia algo em comum entre muitas das canções, seja em termos de letra ou melodias. Há, inclusive, muitas semelhanças entre a “Já Não Falamos”, a “História”, o “Erro”, o “Caminho”, a “Dialeto”… E isso só fazia sentido se fossem aquelas dez músicas! Se estivessem más ou menos boas, eu acho que as colocaria na mesma, porque tinham sido feitas naquela altura e ia lembrar-me delas por representaram aquela fase da minha vida. Estou muito satisfeito e muito orgulhoso deste disco por ter tido tão pouco tempo para fazê-lo e, realmente, acho que fui um felizardo também pela minha editora ter aceite o desafio de todo o conceito do Do=s. Acho que foi tudo muito bem feito e foi um bom trabalho de equipa.
E tu transportas isso também para os teus espetáculos, certo? Estão muito mais inovadores agora, usam o vídeo, …
Diogo: Sim, aqui (Ribeira de Frades) não sei se será o concerto normal por causa das condições, mas estou muito ansioso por subir ao palco. Normalmente, é um ecrã atrás de nós e, realmente, dá outro impacto. Eu não tinha ecrã no ano passado nem há dois anos mas, realmente, tinha de haver uma diferença entre os concertos anteriores. Já que há uma diferença entre os discos, tinha de haver também essa diferença no espetáculo em si. A banda é a mesma, a equipa é um pouco diferente… É um bocadinho mais numerosa, mas é uma super equipa! Estou muito bem acompanhado e eles é que fazem a maior parte do trabalho. Eu chego lá e canto (risos).
Diogo, estamos mesmo a ficar sem tempo. Por isso, e para terminar, pergunto-te o seguinte: se tivesses de descrever a tua História toda, musicalmente, numa palavra, que palavra escolherias?
Diogo: Uma palavra é muito pouco, não é? (risos) E eu sou um homem de poucas palavras! (risos). Tem sido uma luta, acho eu. Posso dizer que a palavra certa é “luta”. É uma batalha constante tentar estar sempre presente na vida das pessoas seja em termos de música, seja noutros aspetos, tal como é o meu projeto do livro Diogo Piçarra em Pessoa. Tem sido uma luta constante também tentar fazer música que agrade a todos. Não que esse seja o meu objetivo, mas espero que agrade a muitos. É impossível agradar a todos. E, sim, todos os dias quando acordo tento fazer uma música que represente aquele estado de espírito daquele momento mas que, de certa forma, também represente o estado de espírito de muitas pessoas. Não tento fazer música só para mim, mas para todas as pessoas. É esse o meu principal objetivo e sinto que isso está a acontecer e, seja com músicas mais tristes ou mais alegres, acho que só tenho um objetivo: fazer parte da História da vida das pessoas e não fazer História.
Minutos depois, o Diogo sobe ao palco numa atuação onde não faltou energia quer por parte do artista, quer por parte do público. Fez-se história em Ribeira de Frades.
do=s tour continua a percorrer o país e, em Outubro e Novembro, seguem-se os Coliseus. Dia 27 de Outubro, no Coliseu do Porto. E dia 3 de Novembro, no Coliseu de Lisboa.
Por Cátia Barbosa