A nossa entrevista a Catarina Martins (& as entrelinhas de Marcelo na SIC)
Bom dia!
Benoît Hamon ganhou a 1ª volta das primárias francesas. Com a votação de ontem – e com os apoios que recolheu de imediato -, o candidato mais à esquerda do PS francês passou a ser o favorito para ir às presidenciais. Manuel Valls terá poucas hipóteses, explica aqui a Clara Barata.
A Casa Branca fechou a página na Internet em espanhol. Aberta por Obama pouco depois da sua eleição, a página diz agora isto.
A Samsung descobriu o problema no Galaxy Note 7. Afinal, foi por causa da bateria que os telemóveis se incendiaram.
O Jornal de Angola acusou Portugal de preparar “interferência em massa” nas eleições. Com um “plano diabólico” que passará pelos jornalistas.
Bruno de Carvalho acusou os árbitros. Não falou de um plano diabólico, mas também apontou o dedo à comunicação social. E já lá vão 12 pontos, diz ele.
As notícias do dia
Ontem foi Marcelo: na sua primeira entrevista televisiva, o Presidente garantiu que não há impasse na vida política, disse que “o ideal” era ter um Governo e um líder da oposição para 4 anos – e deixou a pista de que haverá sempre um plano B para a concertação, mesmo caindo a redução da TSU. A Leonete conta aqui o que importa, comigo no Editorial a explicar que Marcelo é para ser lido nas entrelinhas.
Hoje é Catarina Martins, na primeira parte da entrevista ao PÚBLICO. Faço-lhe uma síntese em pontos:
- A líder do Bloco deixa uma garantia, que é uma disponibilidade negocial (“não estamos a fazer tiro ao acordo de concertação”);
- Insiste na nacionalização do Novo Banco, mas sem dramatizar: “Não conheço nenhuma nacionalização que seja permanente”;
- Uma explicação sobre as propostas do partido na Saúde: “Nas PPP da Saúde, a nossa proposta ao PS é minimal”;
- E um aviso sério: “Qualquer país deve estar preparado para sair do euro – ou para o fim do euro”.
- Pelo meio, há ainda uma revelação: diz Catarina Martins que o Governo não despede Carlos Costa por receio do BCE.
O resto do dia noticioso conta-se em breves títulos (agora que o Twitter chegou à liderança dos EUA, 140 caracteres devem chegar). Vamos a eles?
Mais avisos da mesa da concertação: a CCP não percebe para que ela existe, se os deputados não a respeitam (via Negócios). E João Proença diz que as alternativas à TSU são “perigosas” (no Eco).
A Caixa pode mesmo ficar a nu. Porque é provável que não possa recorrer do tribunal – e a ter que mandar tudo para a comissão de inquérito.
A TAP começa a resolver-se. O Negócios diz que está fechado o acordo com os bancos. E o Eco diz que Lacerda Machado pode ser o próximo chairman da empresa (o que o próprio não confirma, para já).
As câmaras só ganharão verbas se tiverem mais poderes, avisa o Governo. Mas os autarcas temem resistências no caminho. E o PSD prepara-se para ir a jogo (diz o JN).
Um autarca suspeito de plágio na sua tese de doutoramento. A Universidade de Lisboa está a investigar o caso, noticia o Samuel Silva, aqui no PÚBLICO.
Uma tese sobre casos de abusos sexuais: “Há juízes que só acreditam se a “criança chorar”, diz Catarina Ribeiro, psicóloga do Instituto de Medicina Legal, que estudou perspectivas de juízes e procuradores. A entrevista é da Ana Cristina Pereira e é um verdadeiro “must read”.
Para ler, mesmo
Uma grande investigação do PÚBLICO. A Cristina Ferreira passou uns bons meses a investigar esta história, que passa por Luanda e Lisboa, por comunicações militares, por políticos e gestores, por gestores que não sabem nada das empresas que representam, por alguns milhões de dólares. As minhas cenas preferidas passam-se em bares de hotéis – parece que é onde a verdadeira acção se passa. O texto chama-se “Negócio de telecomunicações militares na sombra da Bolsa portuguesa”, fez a capa do P2 e foi o nosso texto mais lido ontem. Aqui está ele, para ler como um romance (mas sabendo que a história que nele se conta é bem real).
Há uma nova linguagem política quando falamos de democracia? Leiam com atenção o arranque deste texto da Teresa de Sousa: “Por que razão voltámos a ter necessidade de qualificar a democracia, acrescentando-lhe a palavra liberal? A resposta é relativamente simples. Pela primeira vez desde há muito tempo, o conceito de democracia iliberal voltou a entrar em cena, não em paragens longínquas mas dentro da nossa própria casa”. Agora que começou, já não dá para parar, pois não? Vamos lá, então.
Hoje acontece
- Em Astana, sob mediação russa, começam as tentativas de negociação para a paz na Síria. Melhor dizendo, uma conferência russa para impor a paz dos vencedores na Síria, como diz a Sofia Lorena.
- Donald Trump chega à Casa Branca – para o primeiro dia de trabalho oficial. Sendo certo que já foi dizendo coisas durante o fim-de-semana.
- Por cá, Marcelo recebe a UGT em Belém, ainda para discutir o acordo de concertação (às 18h00), enquanto Carlos César recebe a CGTP.
Só mais um minuto…
Para lhe dar duas belas histórias, daquelas que não encontra em mais lado nenhum:
- Antes, muito antes de sonharmos com a Índia, um mestre yoga chegou a Beja. E veio a pé, explica o Carlos Dias, que olhou para as provas da viagem.
- O cavalo de batalha de Napoleão volta à carga: Chamava-se Marengo e o seu esqueleto está a ser remontado para regressar às galerias do National Army Museum, em Londres, cuja reabertura, inteiramente renovado, está prevista para a Primavera. Os arquivos dizem que ele nunca existiu, mas isso parece absolutamente irrelevante, conta-nos a Lucinda Canelas.
Agora somos nós, que voltamos à carga. Desejo-lhe um bom regresso ao trabalho, com a vontade de Napoleão e a atitude do mestre yoga. Na prática, com um bom sorriso. Até já!