Eu, Psicóloga: Dependência emocional- quando amar vira um vício

22/01/2017 0 Por Carlos Joaquim
Você sente que ama mais do que é amado? Acredita que não pode viver sem alguém? Sente solidão e vazio sem aquela pessoa? Nutre sentimentos de ciúmes e possessividade pelo seu parceiro? Seu corpo treme só de pensar num rompimento ou tem ansiedade extrema se aquela pessoa não atende ao telefone? Se você respondeu sim a alguma destas perguntas, você pode ser um dependente emocional.
Dependência  emocional é um estado no qual a pessoa sente-se totalmente dependente de outra pessoa para que possa sentir-se segura e viver adequadamente. É como um vício , ela acha que se não estiver com o outro ela não consegue viver.
Normalmente a pessoa dependente emocional é extremamente ciumenta e exige atenção exclusiva. Isso ocorrer porque a presença do outro nunca será suficiente. Ela exigirá , como uma droga, cada vez mais a presença constante do outro, chegando a sufocar. Quando o parceiro ou parceira se sente sufocado, eles tendem a se afastar, o que faz com que a pessoa se torne mais ciumenta.
A pessoa que é dependente emocional considera qualquer pessoa como ameaça ao seurelacionamento, e com isto prefere passar muito tempo a sós com o objeto da duadependência. Quando se afasta, tende a sentir-se irritado ou depressivo. Como qualquer dependente não faz planos, e quando o faz, todos giram em torno da pessoa . Não consegue ter uma vida fora.
Veja alguns sintomas de que você é um dependente emocional:
  • Cuidados excessivos com o outro – preocupação constante, necessidade compulsiva de ajudar o outro, antecipando as necessidades dele, assumindo responsabilidades por ele e deixando o próprio cuidado de lado;
  • Baixa autoestima – culpa-se por tudo, auto exigência e autocrítica exagerada, sente-se envergonhado e inferior aos outros, contenta-se com muito pouco, com “migalhas de amor”;
  • Repressão das emoções – reprime seus sentimentos e vontades, de tal modo que, com o tempo, perde o contato;
  • Controle compulsivo – necessidade de ter sempre o controle de si mesmo, das situações, do relacionamento, do outro, tentando mudá-lo;
  • Ciúme doentio – enorme insegurança, pensamentos constantes de ruminação pelo medo de ser traído ou de ser abandonado, comportamentos e discussões na tentativa de controlar os comportamentos do outro;
  • Negação – mente para si mesmo, finge que os problemas não existem ou não são graves, não enxerga e enfrenta os problemas que estão acontecendo na relação, pensa que um dia tudo vai melhorar “do nada”;
  • Vive oscilando entre o céu e o inferno – oscila entre gostar e sentir-se magoado e com raiva do outro, ou seja, ora se sente bem na relação e ora se torna vítima e age como o algoz, cobrando posturas de forma pesada e agredindo o outro;
  • Acredita que depende do outro – procura desesperadamente amor e proteção fora de si mesmo, não consegue ficar só, sente-se ameaçado pela perda do outro, sente que necessita do outro pra ser feliz;
  • Comunicação disfuncional – não expressa abertamente seus sentimentos e pensamentos, a comunicação não é honesta e franca; não consegue ter bons diálogos e discutir objetivamente os problemas; iniciativas de diálogo se tornam discussões áridas.
  • Dificuldades sexuais – usa o sexo para conquistar, segurar e ganhar a aprovação do outro; tenta manipular e controlar o outro através do sexo; fazem sexo quando não querem; com pouco ou nenhum prazer, etc.
  • Envolvimento com pessoas complicadas – escolhe parceiros indisponíveis, indecisos, de classe socioeconômica inferior, agressivos, distantes, que sugam e pouco doam, irresponsáveis, mal-caráter, que também apresentam transtornos psicológicos como dependências (de álcool, de outras drogas, de jogos, etc.). Por isto, tem decepção amorosa, sofre muito por amor, experimentando uma vida amorosa insatisfatória.

Estes sintomas e outros contribuem para Padrões de Relacionamentos Destrutivos.
Causas
A maior parte dos dependentes emocionais vem de famílias disfuncionais, conflitivas, que demonstraram significativa fragilidade emocional e, por isto, contribuíram para o desenvolvimento e instalação da dependência emocional entre seus membros. Em geral, ele viveu pouco amor, amparo, aceitação, segurança, coerência e harmonia familiar. Em muitos casos, houve rigidez de regras e críticas excessivas, abusos, violência psicológica e até física. Portanto, de modo geral, a pessoa desenvolve a dependência emocional a partir da infância.
A dependência afetiva aparece quando se abandona a si mesmo, quando se acredita que não há outra forma de ser querido senão pelos olhos do outro. Todas as pessoas dependem, em algum nível, da aprovação de alguém. Entretanto, para o dependente emocional, esta necessidade é vital.
Amor que vem do medo não é amor, é necessidade. Não há solidão maior do que a falta de si mesmo. Por isso, se você é um dependente emocional, saiba que o amor de que precisa está e sempre esteve aí mesmo, dentro de você!
Como abandonar a dependência emocional
Em primeiro lugar, procure ajuda de um psicólogo qualificado para que ele possa te ajudar a entender suas inseguranças, seus medos, e principalmente, a se conhecer. O psicólogo vai auxiliá-lo a identificar em que áreas da vida essa dependência surge e de que forma está afetando sua vida e suas relações, além de buscar as causas e tratá-las.
Peça a um amigo confiável para lhe dar algum feedback sobre os padrões de seus relacionamentos. Quando estamos em uma relação difícil, frequentemente nos recusamos a ouvir as pessoas que estão fora da situação e que reconhecem nossos padrões poucos saudáveis. Para nos libertarmos, devemos estar dispostos a ouvir o feedback sobre como as nossas ações na verdade machucam a pessoa que estamos tentando ajudar. Devemos estar abertos para a verdade sobre nós mesmos.
Outras dicas importantes:
 Reconheça o seu valor : Reconheça o seu valor-próprio e alimente pensamentos positivos sobre si mesmo, percebendo suas limitações bem como suas conquistas, estabelecendo metas e objetivos, ajudando outros e fazendo o que lhe faz sentir bem. Aceite as suas decisões e observe a sua capacidade de fazer o que é melhor para você.
– Perceba que você tem o controle de si e assuma as rédeas de sua própria vida: Perceba que você tem o controle de si, incluindo seus sentimentos, suas emoções e ações. Algumas vezes, acontecem eventos na vida que são incontroláveis, mas você precisa perceber o que pode controlar. Não permita que outra pessoa controle o caminho que você deve seguir.
– Estabeleça metas para vencer sua insegurança: O momento é propício para estabelecer limites pessoais e na relação, que representam o respeito às próprias vontades e a do outro. Claro que não será fácil – e ninguém disse que seria –, mas é imprescindível para a mudança que você precisa operar, a fim de ter uma vida mais saudável e feliz.
– Não programe o seu dia a dia dependendo da outra pessoa: Perceba que você também possui necessidades importantes, precisa ter controle da sua própria vida e fazer as suas coisas independente dos outros. Você pode se comprometer e reconhecer as necessidades do outro, mas tem de se lembrar igualmente de que você tem de viver sua vida para além do relacionamento.
– Recupere o seu espaço. É importante que você trate de recuperar aqueles espaços pessoais e individuais. Reúna-se com amigos sem o seu companheiro, faça atividades que lhe gerem prazer.
– Seja realista e pare de idolatrar o seu companheiro, ele é um ser humano e, como tal, tem seus defeitos e suas virtudes. Nem tudo o que ele faz e diz é correto, por isso você deve trabalhar a humanização do seu companheiro, para poder superar a dependência emocional.
– Dialogue. O que você pensa e diz é igualmente importante, tal como o que o seu companheiro pensa. Quando não estiver de acordo com algo, diga-lhe. Não aceite tudo o que ele diz por medo de perdê-lo. Com as diferenças também se constrói e consolida um relacionamento.
– Repense. Tome um tempo para pensar no seu relacionamento. Reflita sobre como era antes de o conhecer e todas as coisas que deixou de fazer pela relação. Talvez, seja tempo de fazer umas mudanças no relacionamento, para que ambos se sintam melhor.
Por Débora Oliveira