Mundo | Notre Dame – II
Sobre a Coroa de Espinhos que os algozes cravaram na cabeça de Nosso Senhor Jesus Cristo, São João assim se referiu: “E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça”. Segundo tradição, essa relíquia foi recolhida pelos Seus discípulos depois da Paixão e conservada no monte Sion, em Jerusalém, até o ano de 1063.
Mais tarde foi transferida para Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, e guardada pelos imperadores bizantinos. No ano de 1239, coube ao rei São Luís IX, da França, a glória de adquirir do Imperador de Bizâncio essa relíquia inestimável. Para albergar tão precioso tesouro, o forte rei, cheio de fé, mandou construir a mais bela joia arquitetônica de estilo gótico existente no mundo: a Sainte Chapelle de Paris.
A relíquia [foto ao lado] podia ser parcialmente venerada às sextas-feiras do ano e, mais detidamente, na Sexta-Feira Santa na Catedral de Notre Dame.
Protegida por fino anel de cristal, ela se encontrava sob a custódia dos Cavaleiros do Santo Sepulcro de Jerusalém.
Quando irrompeu o pavoroso incêndio na catedral, muitos católicos se perguntaram: “O que acontecerá com o Santíssimo Sacramento e as sagradas relíquias veneradas na catedral?” Para o capelão-mor do Corpo de Bombeiros de Paris, o Pe. Jean-Marie Fournier [foto no topo], era preciso salvá-las! Assim foi ele com os bombeiros ao interior da catedral em chamas, com risco de perder a vida, a fim de tentar livrar do fogo o Santíssimo e a Sagrada Coroa de Espinhos.
Pe. Jean-Marie, 50 anos, ordenado pela Fraternidade Sacerdotal São Pedro, segue a liturgia no rito tradicional. Uniu-se à Diocese Castrense gaulesa em 2004 como capelão-militar, cargo que exerceu por sete anos, acompanhando o Exército francês por várias partes do mundo. Em sua primeira viagem ao Afeganistão, “o medo se apoderou de mim” — confessa ele —, pois sobreviveu a uma emboscada na qual morreram vários soldados franceses.
Em 2011, o Pe. Jean-Marie tornou-se capelão do Corpo de Bombeiros de Paris. Nessa função, acompanhou os soldados do fogo em suas missões mais perigosas, visando sempre atender religiosamente às vítimas dos sinistros.