À LUPA | O Centro de Aveiro em Imagens no Litoral Centro
De vez em quando, decido-me ir dar um passeio por alguns locais da cidade de Aveiro, acompanhado da máquina fotográfica para registar algo que me desperte a atenção.
Já vivo nesta cidade à mais de 30 anos e, quando caminho por determinadas ruas, observo locais que acolheram redacções de alguns jornais, uns de âmbito regional, o caso do Litoral, O Aveiro, outros de expressão nacional tais como o Diário Popular, O Comércio do Porto, Primeiro de Janeiro, Correio da Manhã, Diário de Noticias, Jornal de Noticias, Diário de Lisboa, A Capital entre outros, fazendo com que o meu coração bata mais forte, porque as saudades de como se fazia jornalismo de proximidade, o contacto com os leitores, ouvindo as suas opiniões, na Pastelaria Veneza, Café Trianon, Café Ria, Gato Preto, Restaurante Jagunço, entre outros locais, era na verdade outra loiça, como diz o ditado popular. Os leitores conheciam os jornalistas de carne e osso, eram cumprimentados nos passeios, em locais públicos.
Hoje temos uma espécie de jornalismo à distância, de gabinete, onde o que conta são as noticias do lucro, um jornalismo que reclama liberdade de expressão, enquanto pratica o facciosismo, jornalismo de grupos de interesse, dos amigos, almoços grátis, do esquece para não falar, porque na fonte existe um fulano ou sicrano que não interessa, sendo votado ao puro esquecimento.
O que Aveiro tem de jornalismo no presente, não serve a causa pública, não revela o que interessa aos leitores residentes nesta cidade, vai-se lá saber porquê!
Os exemplos são conhecidos de todos. Temos um jornalismo alheio às situações incomodativas. Por vezes é comovente a forma como os seus delegados comerciais são recebidos nos estabelecimentos comerciais, quer seja na angariação de assinantes ou espaços de inserção para publicidade.
O jornalismo do presente colhe os frutos da semente que tem vindo a semear: descrédito junto dos poucos leitores que restam. Em boa medida a crise na imprensa foi provocada pela própria. É verdade que a independência, imparcialidade, tem o seu preço. Antes do 25 de Abril é que eram elas…
Os autores do jornalismo contemporâneo não aprenderam que no homem da imprensa está a voz do povo. Trazê-la bem afinada deve ser a preocupação constante de quem se propôs falar bem a linguagem dos outros.
Os outros (leitores) somos também nós, e nós fazemos parte dos outros. Os leitores pedem e agradecem um jornalismo de verificação, proximidade, imparcial, sem filtro (truques) na manga.
Porque aumentam as remessas devolvidas? Respeito pelos leitores e pelos que investem na publicidade, precisa-se.
J. Carlos
Director
NB: As imagens podem ser reproduzidas desde que seja feita referencia da sua fonte.