NOVIDADE EDITORIAL: «RÁDIO EM ANGOLA – Como eu a vivi», de Pereira Monteiro

05/11/2018 1 Por Carlos Joaquim
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APRESENTAÇÃO 
A ANGOLA do futuro irá premiar e reconhecer a incomensurável utilidade, provavelmente ainda no presente, deste trabalho que reflete o talento investigacional histórico-social e também o registo dos âmbitos regulamentar e do «modus faciendi» da RÁDIO EM ANGOLA, entre 1937 e 1975, de DIAMANTINO PEREIRA MONTEIRO. Jornalista de referência, personalidade de esmerado sentido ético e profissional, culto e observador atento de finíssimo recorte, angolano de coração, português de nascimento das terras de Viriato, PEREIRA MONTEIRO viveu parte da infância e juventude na antiga colónia portuguesa de Angola. Naquela terra africana sonhou em fazer rádio. A vocação foi concretizada ao assumir um estatuto profissional numa das várias estações existentes. 
A rádio em Angola, na ausência de sistemas de televisão no período estudado e retratado, perante um reduzido número de jornais impressos e um caudal volumoso de analfabetismo, foi o «médium» de excelência protodemocrático, informativo e de entretenimento; foi, por consequência, um natural aglutinador/congregador das populações «pronto-a-servir e a escutar» jorrando adesão crescente. Subiam as audiências (sem cientificidade na obtenção destes dados) perante o aumento, à vista desarmada, da existência e venda de recetores de rádio e a salutar proliferação das estações emissoras, por norma locais/regionais. As atuais rádios locais de Portugal e as futuras congéneres de Angola podem encontrar boas sementes nos modelos organizacionais e de gestão que, em terras angolanas, permitiram realizar um serviço de utilidade pública que os governos da época, a nível de Lisboa e da então Província de Angola, viam bem ou mal, consoante a ação editorial dessas rádios e os contextos políticos regionais, nacionais e internacionais. 
A radiodifusão em Angola foi um «boom» pelos motivos indicados que o Autor legenda e exemplifica, permitindo criar «vanguardas» em aspetos de produção e realização que contrastavam com o pesado, ponderado, rigoroso, austero e censurado «radiofazer» da Emissora Nacional de Radiodifusão. Enquanto esta parecia sobrevestir «smoking» ou, pelo menos, fato e gravata, vezes demais enunciando em registos monocórdicos, a rádio em Angola vestia ganga e era sempre feita em traje casual ou indígena; os microfones e os locutores eram quase omnipresentes e procuravam dar a ver o que, muitas vezes, nunca tinha sido visto. E havia criatividade, inconformismo e concorrência. Até os anúncios classificados e as informações necrológicas eram fornecidas pela rádio. Mais do que um telegrama, o correio convencional, os aerogramas específicos dos militares portugueses ou a modesta imprensa do território, a rádio era o centro das atenções dos angolanos e dos que estiveram naquelas terras, quer mobilizados para uma Guerra Colonial já então mal recebida (injustificada e incompreendida, em concreto) pelos jovens portugueses e angolanos, quer pelos que se instalaram na, agora, República Popular de Angola, com o objetivo de conseguirem o seu ganha-pão e de contribuírem para a prosperidade de um torrão angolano altamente prometedor e com incomparáveis riquezas. 
A RADIODIFUSÃO em ANGOLA entrou com pezinhos de lã e transformou-se, perante a heroicidade dos que nela trabalharam, num altíssonoro e indispensável «fenómeno de massas». A iniciativa privada e o associativismo (e, pontualmente, a Igreja Católica com a Rádio Ecclesia) foram os grandes impulsionadores do fenómeno, aparecendo, posteriormente, o Estado português a criar a Emissora Oficial de Angola (atual Rádio Nacional de Angola), já depois de lançar os tentáculos censórios às rádios existentes. 
PEREIRA MONTEIRO, neste Livro Histórico e Memorioso, usa, como fio condutor na abertura e fecho do trabalho, um olhar personalizado de observador-narrador para depois relatar, no papel de historiador, a evolução da radiodifusão em Angola através de factos que bebeu – alguns de forma pessoal, mas a maioria em detalhadas, profícuas e prolongadas pesquisas –, os quais fazem deste livro uma antologia para compreender uma outra «paisagem mediática» de Angola, que foi tribuna de homens livres e ajudou a construir um território amadurecido, de Cabinda ao Cunene. 
Mais: compreender a História de Angola, durante grande parte do século XX, passa por interpretar o papel destas rádios angolanas ao serviço das populações, sem tabus nem trejeitos coloniais ou tutoriais. Pelo contrário: Angola deu a Portugal uma plêiade de profissionais da Comunicação Social que se formaram em terras angolanas, sem escolas, mas com vocação, gosto, dedicação e vontade de servir. Este livro mostra ainda aspetos multifacetados da vivência angolana, dos equívocos do antes e do depois da Revolução do 25 de Abril, em Lisboa, das conflitualidades entre os movimentos de libertação e da saída desolada de Angola de muitos portugueses e também de vários angolanos que terão imaginado outro desfecho, por certo em convivencialidade, para a emancipação do território. 
Diamantino Pereira Monteiro, retomando nas derradeiras páginas um fluxo narrativo na primeira pessoa, reporta a sua apressada saída do seu rádio clube – a parte reflete o todo: deixar a amada Angola. Há uma discreta nota de dor, misto de saudade e de esperança de que a rádio e também a História estejam sempre em movimento, «no ar»; e de que – quem sabe? – talvez seja possível voltar, confraternizar, conviver, recordar, historiar. Este livro é importante para os políticos, para os economistas, para os sociólogos e estudiosos ou, ainda, para os profissionais da Comunicação Social. É um indispensável ARQUIVO HISTÓRICO da RADIODIFUSÃO ANGOLANA. 
Sansão Coelho
O
AUTOR

Diamantino Pereira
Monteiro
 nasceu
em Viseu. Aos seis anos de idade foi com os pais para Angola.
Primeiro, em Nova Lisboa (atual Huambo) e, depois, em Sá da Bandeira
(hoje Lubango). Logo que concluiu o então Curso Complementar dos
Liceus, ingressou no Rádio Clube da Huíla como
locutor-noticiarista, profissão que teve de interromper para cumprir
o serviço militar obrigatário, como alferes miliciano, na então
colónia portuguesa da Guiné (Guiné-Bissau).
Quando
regressou a Angola, retomou a carreira profissional, já como adjunto
e, posteriormente, como chefe dos serviços de Produção da Rádio
Clube da Huíla. A «abrupta» descolonização que se seguiu à
Revolução portuguesa obrigou-o a fugir com a família, tal como
sucedeu a centenas de milhar de angolanos e de portugueses, para o
Sudoeste Africano (atual Namíbia).
Repatriado
para Portugal, em Novembro de 1975, ingressou (por concurso público)
nos quadros da Radiodifusão Portuguesa (RDP), empresa pública que
sucedeu à Emissora Nacional. Chefiou os serviços de Informação e
de Programas da RDP/Centro, em Coimbra.
Como
formador para a área da Radiodifusão do CENJOR – Centro
Protocolar de Formação de Jornalistas, participou na formação de
dezenas de jovens das rádios locais, aquando da legalização das
chamadas «rádios piratas». É frequentemente convidado a
participar em entrevistas para livros, nos meios radiofónicos e em
televisões, especialmente sobre temas no âmbito da Radiodifusão.
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FICHA
TÉCNICA
Livro: Rádio
em Angola – Como eu a vivi
Autor: (Diamantino)
Pereira Monteiro
Ilustração
da capa (adaptação), fotos da contracapa e foto do autor, na
badana: 
Diamantino
Pereira Monteiro
Coordenação
editorial e revisão:
 Vitalino
José Santos
Paginação
e edição gráfica:
 Nuno
Beirão, Mar da Palavra – Edições,  L.da
Colecção: Comunicar-te
(n.º
6)
Editora: Mar
da Palavra – Edições, L.da
PVP: 16,96
N.º
de páginas: 
168
(2 + 166)
Formato: 16,0
x 23,0 cm
ISBN: 972-8910-80-8 (EAN: 978-972-8910-80-8)
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NOTA: Por
opção do autor, a presente edição adota o novo acordo
ortográfico

LINK:
O Litoral Centro associa-se a esta iniciativa divulgando-a, com votos para que se traduza num sucesso editorial. Parabéns!