À Lupa | O orgulho é um sentimento de força contraditória
J. Carlos * |
Há também o orgulho doentio, que pode não ser mais do que expressão de timidez e de acanhamento, ou, talvez, de susceptibilidade, exacerbada, e, portanto, só prejudicial para os próprios que o sofrem.
Uma autora que aprecio é Karen Horney. Psicanalista, ela apresentou o conceito de “orgulho neurótico”, que tem me ajudado muito. Porque tem aquele orgulho que é saudável, o reconhecimento do próprio valor, um sinal de elevada auto-estima. Mas tem o orgulho doentio, que é aquele que nos faz pensar que merecemos mais do que merecemos, que está por traz tanto da personalidade inflamada, quanto da auto piedade…
Quem se paralisa na revolta, porque passa por situações embaraçosas, é um “orgulhoso neurótico”. De onde veio, que não pode enfrentar o que todos enfrentam? Quem pensa que é? Deus?!
Meu amigo, este planeta é assim mesmo, é melhor se adaptar às adversidades. Um paradoxo esta afirmação.
Quem quer ser feliz, precisa entender que não vai ser o sol ou a chuva, o amado ou o líder, que vão proporcionar motivos para sorrir. É o nosso olhar. A maneira como recebemos o dom da vida. Quem é esperto, vê no problema um desafio, e uma oportunidade!
O orgulho é um sentimento de força e o sentimentalismo é uma revelação de fraqueza. Quando os dois coabitam na mesma pessoa, vivem em debate permanente.
Por sua vez a sentimentalidade impele-nos frequentemente a acções que o orgulho não aprova. Por sua vez, este pode compelir-nos a atitudes que o coração condena.
Devemos ter em conta que o orgulho e o carácter são irmãos de sangue, pois onde um existe, o outro geralmente não falta, e quando ambos, com igual força, concorrem no mesmo indivíduo, este será ponderoso e de firme convicções, como os que sabem ser homens de verdade.
Por fim, ao orgulhoso não é fácil reconhecer a verdade que lhe repugna, mas menos fácil ainda é proclamar o erro que praticou.
“O orgulho é um mecanismo de defesa e é tanto maior quanto menor e mais frágil for a inteligência emocional do orgulhoso, só e apenas”.
“Como todos os sentimentos o orgulho começa pequenino e com uma fome insaciável de auto-afirmação e validação”. Joana Móra Féria in revista Progredir.
* Director