Do Diário de Notícias selecionámos prosa acerca do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Este ano as comemorações vão acontecer no Porto. Marcelo, o presidente da República, vai presidir às comemorações. Já ontem estava no Porto e passeava nos arraiais dos santos populares. Na peça pode saber isso e mais.
O título da notícia do DN teve a particularidade de transportar-nos para um termo bastante popular. Diz o título que “Marcelo é o presidente de todos nós, dos ricos e dos pobres”, inserido naquilo que popularmente vão dizendo do PR. Daí vir à memória o adágio também popular: “Está bem com Deus e com o Diabo”. E isso, essa predisposição de certas e incertas pessoas, define-se tantas vezes como hipocrisia…
Marcelo é popular, tem exercido pela positiva muito daquilo que envolve o cargo de PR. É indesmentível. Mas Marcelo é como o leão de uma publicidade que outrora foi marcante, relacionada com a Peugeot: “mostra a sua raça”. Ou seja, tem tiques de berço e condecora quem não merece mas possui estatuto privelegiado. No caso condecorou o famigerado dono e esclavagista, detentor do grupo Jerónimo Martins, do Pingo Doce e o mais que vier: Soares dos Santos.
Condecorou tal ser atafulhado em lucros e fortuna porquê? Por ser um exemplar esclavagista? Basta ler jornais para sabermos que o exercício do tratante em relação aos seus trabalhadores é semelhante ao da era esclavagista. Terá tal espécie abusivamente exploradora sido condecorado por ser um patriota? Um patriota que retirou de Portugal a possibilidade de contribuir com impostos dos seus lucros ao mudar-se para um país de leste e o mais que não se sabe? Um patriota, português? Mas como, se a pátria de Soares dos Santos é numa cidade chamada Ganância situada no país do Cifrão?
Dia de Portugal, nunca dia dos da laia de Soares dos Santos, bajulados por um PR que mostrou estar bem com Deus mas também com o Diabo. Neste exemplo um diabo chamado Soares dos Santos. E hoje, quem se segue da mesma espécie ou semelhante?
E porque não condecora, Marcelo e outros, os portugueses que por vivências e laborações patrióticas e relevantes na realidade trabalham ou trabalharam no duro e são ou foram criminosamente explorados? O Zé Calceteiro, o Carlos Pedreiro, o Titónio dos Esgotos, o Amadeu Faz Pontes, o Ceareiro, a Ermelinda Apanha Tomates e Afins, o Lecas Pescador…
Recorde-se que Cavaco condecorou num dia destes, Dia de Portugal, o estilista da Dona Maria, tal era a “pedra” com que exerceu a presidência.
O que se esperaria de Marcelo era outro estilo e exercício de presidência. Verdadeiramente democrático, justo. Até no que toca a condecorações. Certo é que também poderia facilmente acontecer que Marcelo fosse condecorar um qualquer trabalhador esforçado, pedreiro, por exemplo, que ao ser condecorado lhe dissesse que preferia algo para comer porque a sua reforma de miséria não chegava para casa, água, luz, gás, transportes, medicamentos, ajudar filhos desempregados, os netos e etc.
É mesmo verdade, “O leão mostra a sua raça”. Seja ou não Dia de Portugal.
Está convidado(a) para ler a peça do DN.
MM | PG
“Marcelo é o presidente de todos nós, dos ricos e dos pobres”
Festejos começaram ontem no Porto. Marcelo foi igual a ele mesmo: distribuiu beijinhos, tirou fotos. E já tem retrato
Centenas de pessoas receberam ontem “o presidente de todos nós”, como foi denominado vezes sem conta, no decorrer do arranque das comemorações do 10 de Junho, no Porto. Como vem sendo hábito, Marcelo Rebelo de Sousa retribuiu o carinho dos populares com beijinhos, fotografias e muito calor humano.
O Presidente da República chegou ao Porto às 10.30 para as celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, começando pelo içar da Bandeira de Portugal ao som do Hino e de muitas palmas das centenas de pessoas que marcaram presença no Porto.
Ao longo de todo o dia, foi recebendo abraços e palavras de júbilo pela presença na cidade Invicta. Recorde-se que já passaram 11 anos desde que o Porto recebeu Cavaco Silva, o então presidente da República, para assinalar o 10 de Junho.
Os populares deixaram transparecer a alegria do momento, que recebeu honras militares, com palmas e muitos elogios. “É o presidente de todos nós, dos ricos e dos pobres. Obrigada por estar aqui”, disse Arlinda Gomes, uma docente de Mirandela que se deslocou ao Porto propositadamente para ver o “professor Marcelo”.
Na Avenida dos Aliados, onde o Chefe do Estado passou toda a manhã em visita às atividades militares complementares, estiveram também muitas crianças e adolescentes de várias agrupamentos escolares do Grande Porto, como o das Campinas, Augusto Gil ou a Escola Profissional do Infante (de Vila Nova de Gaia). “O Presidente é fixe” ou “Presidente altamente” foram algumas das frases mais efusivas ditas pelas crianças que, em troca, puderam tirar fotografias com o Presidente da República.
Numa das muitas paragens ao longo da Avenida dos Aliados, Marcelo ainda teve tempo para provar uns petiscos, mas recusou com humor a bola de carne oferecida pelo exército por estar “de regime”.
Já numa das lanchas da Marinha, o Presidente sentou-se com as crianças de uma escola com as quais teve uma breve e animada conversa. E foram as crianças as que mais receberam a atenção de Marcelo Rebelo de Sousa, nomeadamente as da Unidade de Multideficiência do Agrupamento de Escolas do Viso. “Foi uma emoção muito grande para estes meninos que tiveram uns dias muito animados porque sabiam que iam ver o presidente”, explicou a professora de ensino especial, Isabel Nunes.
Ainda antes do almoço, Marcelo quebrou a agenda, num momento inusitado, para engraxar os sapatos (como já tinha feito na campanha eleitoral) e, novamente, tirar selfies com a população. “Já é a segunda vez que engraxo os sapatos dele. Da primeira vez ainda não era Presidente da República, mas não mudou nada. Foi muito bom”, sublinhou ao DN o engraxador Mário Costa. Que ainda pediu ao Presidente da República um autógrafo na cadeira onde este se sentou, pedido ao qual o Chefe de Estado acedeu com simpatia.
A escolha do retrato oficial
Neste primeiro dia de celebrações do Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas, Marcelo Rebelo de Sousa esteve também na inauguração da exposição “O foral do Porto. 1517-2017. Marca de um rei, imagem de uma cidade”, uma mostra que assinala os 500 anos do Foral Manuelino, patente na Casa do Infante. E aqui chegado, Marcelo explicou aos jornalistas que, a quase 4 anos do fim do seu mandato, está “muito inclinado” para o retrato oficial para a galeria dos presidentes.
Falando do pintor que o retratou, o Presidente da República não poupou elogios ao mestre Bessa, artista da cidade. “Ele tem uma Ribeira espetacular, é um bom retratista e, no meu caso, no retrato feito há cerca de um ano, apanhou o estilo e a minha maneira de ser. É um bom retrato daquilo que terá sido, no final, o meu mandato na Presidência da República”, explicou-se Marcelo, citado pela Lusa.
“Gostei muito. Apanhou-me no estilo, na ideia global. Estou muito inclinado a ser o retrato que irá para a galeria de retratos do Museu da Presidência da República”, continuou o Chefe de Estado, que falou de “quadro oficial”, depois de o ter visto no ateliê do artista, na Rua do Almada.
Feito a partir de uma fotografia de um repórter da Global Imagens, Orlando Almeida, o Presidente revelou que a sua intenção é, agora, guardar o quadro para o oferecer como “retrato oficial” ao Museu da Presidência da República, quando Marcelo terminar o mandato.
Segundo contou, foi “uma jovem investigadora portuguesa” que encontrou em Paris, e que ontem reencontrou no Porto, quem lhe falou no mestre que tinha pintado um retrato do Presidente e lho queria oferecer. “De um acaso, saiu uma escolha para o fim do meu mandato”, apontou.
O dia de Marcelo terminou no Paço Episcopal e na Sé do Porto, onde decorreu o fogo-de-artifício de encerramento do primeiro de três dias de celebrações do 10 de Junho.
Diário de Notícias com Lusa